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Pesquisadores da Unemat entregam exames laboratoriais para índios haliti-paresi
HANTAVÍRUS
Pesquisadores da Unemat entregam exames laboratoriais para índios haliti-paresi
27/10/2016 16:17:02
por Lygia Lima
Foto por: Internet

Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso que participam do projeto de pesquisa sobre a situação de saúde dos paresí, estarão entregando os resultados dos exames laboratoriais a 201 indígenas para participam da pesquisa. A entrega dos resultados será feita em nove aldeias entre os dias 28 e 30 de outubro, quando também serão repassadas as condições de saúde e orientação.

O projeto de pesquisa “Situação de Saúde dos Paresí” vem coletando amostras e realizando exames laboratoriais da comunidade indígena Haliti-Paresi desde 2014, com o objetivo de conhecer a situação de saúde desta comunidade e saber sobre a situação de hantavirose em comunidade indígena.

A entrega dos resultados laboratoriais será realizada pelas pesquisadoras Elba Regina Sampaio de Lemos (Fiocruz\RJ), Marina Atanaka (UFMT), Ana Cláudia Pereira Terças (Unemat), Vagner Nascimento (Unemat) e aluno de iniciação científica Leonir Evandro Zenazokenae (Unemat e Indígena Haliti-Paresí).

Além dos dados sobre as condições de saúde no que diz respeito hantavirose, os pesquisadores também puderam observar outros aspectos sociais e culturais dos paresí que acabarão sendo apresentados em forma de trabalhos e artigos científicos. A pesquisa tem demonstrado que a soroprevalência global de hantavírus foi de 11,62% (35/301), a avaliação prospectiva de 110 amostras de soro pareadas, que foram coletadas em 2014 e 2015, possibilitou a identificação de quatro indígenas sem anticorpos anti-hantavírus da classe IgG em 2014 que soroconverteram durante o estudo.

Os pesquisadores constataram ainda durante a expedição para captura de animais silvestres realizada em março de 2015, quando capturados dois roedores silvestres - Cerradomys scotti Calomys tener - que foram soronegativos. A professora da Unemat, Ana Cláudia Terças explica que este achado suscita a necessidade de capturas sistemáticas na região para identificar os roedores reservatórios.

A pesquisa mostrou que as crianças das comunidades indígenas relataram ter contato com roedores silvestres em suas atividades diárias, principalmente aquelas ligadas aos brinquedos e brincadeiras. Diante desse relato os pesquisadores adoraram como estratégia de prevenção e fornecer informações sobre doenças a construção de uma cartilha educativa interativa. No material foram enfatizadas questões científicas da doença de modo simples, lúdico e informal, a fim de promover o aprendizado enquanto a criança se diverte com o conteúdo, baseado em seu cotidiano, que abrange narrativas, perguntas, atividades interativas e ilustrações coloridas. 

“A elaboração desta cartilha trouxe resultados significantes permitindo uma ressignificação do saber científico associado às práticas cotidianas, a percepção de suas vulnerabilidades, além do fortalecimento da língua nativa, com uma inequívoca representação social, considerando que a cartilha foi grafada em três línguas, trazendo em suas linhas situações como a limpeza da casa e brincadeiras diárias”, avalia a professora Ana Cláudia.

Histórico da pesquisa:

A pesquisa foi idealizada no final de 2011, quando foram relatados os primeiros casos de hantavirose em comunidades indígenas do Brasil. A escolha da comunidade Paresí ocorreu porque a mesma possui seu território circundado pelos municípios agrícolas responsáveis por 75% dos casos de hantavirose de Mato Grosso. As pesquisadoras realizaram uma visita até as aldeias com apoio da Prefeitura e Câmara de Vereadores de Campo Novo do Parecis e apresentaram a proposta do estudo aos caciques das  nove aldeias que pertencem aquele município.

Após demonstração de interesse e apoio por parte da comunidade Haliti-Paresí, iniciou-se a busca de parceiros e documentações que atendessem a legislação vigente de ética em pesquisa envolvendo as comunidades indígenas, processo esse que tramitou por 28 meses nas instâncias éticas do país. A aprovação final aconteceu em outubro de 2014, e a primeira expedição para coleta de dados da população indígena ocorreu em dezembro de 2014. Em março de 2015 foi realizada expedição para coleta dos roedores silvestres dentro das terras Paresí, bem como uma segunda coleta de dados da população humana em dezembro de 2015.

O objetivo principal do estudo foi a realização da análise de hantavírus nessa comunidade, porém ao realizarmos parcerias também foram analisadas a presença de rickettsias lato sensu, hepatites virais, HTLV, Mycobacterium tuberculose, parasitas intestinais, além de análises do perfil nutricional, imagem corporal, níveis pressóricos, acesso aos serviços de saúde e conhecimento sobre saúde.

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